quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

os adolescentes e sua dificuldade em seguir normas


Em outubro do ano passado, os filhos de pastores fluminenses estiveram envolvidos num retiro espiritual para estudar um tema: LEI SANTA: eu apoio.
Vi, quando deixei meus filhos Arthur e Kariny por lá, muitos adolescentes desejosos de conhecer mais e de viver mais intensamente a santidade. Aquele encontro serviu de inspiração para escrever este texto.
Escrevi em forma de bate-papo, e num formato que pode ajudar você, adolescente cristão, a entender melhor os desafios de viver em santidade, ou seja, viver pela Lei de Deus.


1. TEMOS UMA LEI OU VÁRIAS LEIS?


Nós e a lei civil


Você já teve o gosto (doce ou amargo, dependendo do seu ponto de vista) de desobedecer à lei civil?


Eu já... Foi no dia dos pais. Eu estava num tremendo engarrafamento e atrasado para o culto. Resolvi trafegar, como muitas outras pessoas, pelo acostamento (jeitinho brasileiro...).
Para mim, a experiência de andar à margem da lei teve um sabor amargo: fiquei 500 e poucos reais mais pobre, ao pagar a multa.


Aprendi, na prática, que lei e sansão (punição) andam juntas. Ai de quem desobedece às leis e é pobre (de modo a não poder contratar os melhores "interpretes" da lei para defendê-los: por exemplo, os mestres dos "recursos" às multas...). Ai de quem desobedece à lei e é ignorante (desconhecedores da lei). Ai de quem desobedece às leis!


Penso nisso, constantemente, depois de ter estudado com carinho dois pensadores da antropologia nacional, Otavio Ianni e Da Matta. Da Matta, então, é leitura obrigatória, se você quiser entender o "jeitinho" brasileiro de ser, viver e fazer, à margem da legalidade.


Pensando nas nossas origens (Brasil nação), vemos que o mundo da lei protege quem tem posses e pune quem não as tem, bem como pune, também, quem desconhece a lei. O abismo entre protegidos e desprotegidos pela mesma lei aumenta cada vez mais.


Algumas injustiças bem comuns acabam nos deixando indignados como, por exemplo, os que resultam na tal "imunidade parlamentar", que está na base dos nossos problemas de corrupção... A imunidade necessária para o exercício legislativo sem cerceamento não poderia se tornar o passaporte para o crime em liberdade, como acontece no Brasil.


 Nós e a lei moral


Você já teve o gosto de desobedecer à lei moral? Falo do nosso bom senso, que identifica as ações universalmente aceitas como boas e evita as que são ruins. A gente faz isso o tempo todo...


Aqui é que entra aquela palavrinha mágica: "relativismo". No início deste texto coloquei que, dependendo do "ponto de vista" uma coisa errada pode ser tida como certa...


Moral, ética são palavras que refletem toda uma construção de vida. Ressaltam hábitos, costumes.


Não podemos negar que aprendemos a ser éticos vivendo, no modelo tentativa e erro.


Nós e as leis religiosas


Você costuma desobedecer às leis religiosas? Por exemplo, as normas sociais aceitas em sua igreja, denominação? Se eu, que sou pastor, fosse ganhar um centavo por cada desobediência da membresia, já estaria rico. Brincadeira...


A verdade é que a gente parece gostar de viver no limiar da lei, como que numa corda bamba... Desobedecer tem um "gosto falso" de liberdade e de autonomia (quando a gente faz as próprias leis e vive por elas...)


2. TEMOS UMA LEI APENAS (PENSO!)


Lei, norma, estatuto são palavras sinônimas, na Bíblia.
Indicam um padrão legal de ordem moral-civil-religioso, ao mesmo tempo.


Infelizmente, vivemos de modo compartimentado, como se a lei civil fosse uma, a moral, outra e a religiosa, outra mais.


Qual é a norma (singular), a lei, o estatuto que fornece os artigos e parágrafos de nosso comportamento?


Uns, de modo simplista, diriam, a Bíblia... Mas o Livro por si só não pode produzir em nós o desejo de obedecer, não é? O Livro Santo só tem serventia se o leitor crê e aceita a autoridade do texto sagrado sobre a sua vida.


Outra resposta foi dada por um filósofo muito famoso, que disse: "Ama, e faze o que quiseres". Na opinião dele, o amor constitui-se na lei universal que resolveria todos os nossos problemas.


Mas isso não é, também, simplista? Será que pecamos porque não amamos nosso Salvador e Senhor? Claro que não! Você já leu aquele texto de Paulo, em que ele afirmou: Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico”? (Rm 7.18,19).


 Não podemos esquecer que o pecado é uma força moral (lei da carne) dentro de nós, nos empurrando para longe de Deus... Não podemos esquecer que a lei do pecado coexiste em nós junto com a lei do Espírito.


Estamos lutando para sobreviver na fé, ora vivendo pela lei de Deus (benção) ora vivendo pela lei do pecado (maldição). Tudo é uma questão de escolhas.
Os conselhos sábios que conduzem à vida. Não é assim que os escritos de sabedoria na Bíblia estão embasados?


3. PENSO QUE VENCERÁ A LEI QUE FOR MAIS BEM OUVIDA POR NÓS


Nesse campo, nosso problema é grave.


Temos déficit de atenção quando o assunto é a lei de Deus... A lei do espírito e de vida perde, de longe, no quesito atenção...


Se olharmos, de relance, para 10 imagens, passadas com a mesma duração, prenderá a nossa atenção aquela que mais despertar os desejos da carne... A Coca-cola não gasta milhões de dólares em propaganda à toa.


A lei, para funcionar, precisa ser promulgada (enunciada) e fixada num lugar para ser acessada pelo cidadão, daí a necessidade da ATENÇÃO...


Isso me lembra um desenho da Disney "Hobin Hood". No desenho, o arauto tocava uma trombeta para anunciar a leitura do edito real (cobrança de taxas pelo rei) e, depois, o funcionário do tesouro afixava o edito na porta principal de um edifício...


As pessoas, que não sabiam ler, precisavam OUVIR a lei...


Relacionando este fato com a lei de Deus, podemos afirmar:


Deus escreveu sua lei e a promulgou, primeiro, em tábuas de pedra (Lei Mosaica). Depois, Deus a promulgou nos corações dos homens (tal como a lei que rege a Inglaterra, que não tem Carta Magna, mas existindo na consciência da jurisprudência...)


Inicialmente, a lei exigia os religiosos "leitores" e, depois, vieram os "intérpretes" da lei mosaica. O povo vivia numa experiência de segunda mão.


Quando Deus promulga a lei no coração dos homens (pela fé), estes podem OUVIR Deus, em seu interior, numa experiência pessoal, que não precisa, necessariamente, ser mediada por outra pessoa.


Você precisa entender que está em ação, hoje, uma lei na nossa consciência humana e, por isso, ela é subjetivamente entendida, é pluralmente entendida, é diferentemente entendida... Mas, ainda assim, é uma experiência de primeira mão.


A lei "material" nos matou, amorteceu nossas consciências, pois funcionava como uma Bíblia aberta na sala de estar, um enfeite...


A lei "espiritual" nos fez viver, despertou nossa consciência para a urgência de ser como Deus, de fazer sua vontade. Deus, que está vivo em nós, pelo seu Espírito, que habita em nós, ele é quem dá sentido à lei santa.




PERGUNTAS NECESSÁRIAS


Você costuma dialogar com Deus, por meio da oração, pedindo que lhe ajude a entender sua Lei?


A Lei de Deus (Sua Palavra viva, em nossa consciência) desperta a sua atenção? Esta é uma pergunta simples, mas a resposta é difícil. Pense bem.


Posto de outro modo: antes de fazer alguma coisa, você se pergunta e, em sua consciência, pergunta a Deus, se aquilo é certo ou errado?


Este exercício ajuda a despertar a consciência moral proporcionada a nós pelo nosso Deus.


O que nos enche de esperança é a declaração de Paulo aos Coríntios, em que afirma: “Mas nós temos a mente de Cristo”.


A conclusão é óbvia: nós podemos viver pela Lei santa!


Pastor Davi
JUERP, RJ

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